Entrevista #7

29 de fevereiro 2016

 

Sérgio Campelo

TÉCNICO DE MEDIÇÕES | DIRETOR DA EQUIPA BENJAMINS

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Com pés e cabeça

 

 

Lema de vida

Sê humilde para alcançar o sucesso!

Nacionalidade: Portuguesa

Naturalidade: Barcelos

Idade: 42

Função: Técnico de Medições

No Grupo Casais desde 2000 (16 anos)

A cabeça está focada nos números. Já o coração, esse voa por relvados verdes, equipamentos coloridos e bancadas cheias. Sérgio é o atual diretor da equipa de Benjamins do Gil Vicente Futebol Clube e, di-lo sem reservas, fazia do campo a sua vida. Aos 10 anos calçou as chuteiras pela primeira vez e entrou em campo, como defesa central. Aos 35, desapertou os cordões e tirou as caneleiras, deixando para trás o título de campeão. Agora, diz, joga “em qualquer posição, o importante é a diversão.”

 

Esta história de amor, que dura “há uma vida”, começou quando tinha apenas quatro anos. Nessa altura, foi o avô quem o puxou para os meandros do desporto. “De quinze em quinze dias, era sagrado, lá ia eu e o meu avô ver os jogos do Gil Vicente”, conta. Hoje, além de diretor da equipa de Benjamins do Gil Vicente F.C., Sérgio é também presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol Popular de Barcelos. No passado deixou, sem mágoa ou arrependimento, um sonho: “Não posso esconder que desejava ser jogador de futebol, mas nunca foi, para mim, uma obsessão. Gostava de jogar pelo clube da terra, por diversão.” Desses tempos ficam as saudades do stress dos jogos e a nostalgia do ambiente de balneário.

“Não posso esconder que desejava ser jogador de futebol, mas nunca foi, para mim, uma obsessão. Gostava de jogar pelo clube da terra, por diversão.”

As contas são fáceis de fazer. Ao fim de uma semana, Sérgio dedica largas horas a este projeto. Fá-lo por gosto, afirma, e não pensa desistir. “Já faz parte de mim e daquilo que eu sou. Um fim de semana sem jogo já é estranho”, confessa. A motivação, essa, se outrora era-lhe contagiada pelo avô, hoje são o filho e a mulher quem entram em campo. “Desde que eu e a minha esposa começámos a namorar vamos sempre ver os jogos do Gil Vicente. Agora que eu faço parte da direção, e o meu filho joga nas camadas jovens, é quase uma tradição de família acompanhar o clube”, explica. Numa definição simples, Sérgio diz apenas: “paixão.”

 

Faz questão de estar presente e acompanhar a sua equipa em todos os jogos, e em todos os treinos. “A minha função é tratar da logística: transportes, equipamentos, lanches… E, claro, estar em contacto com os pais das crianças”, explica. Quando questionado sobre o volume de tempo despendido, revela que “nem dá para pensar muito nisso.” Como diretor, sente-se privilegiado por “poder acompanhar as crianças e ver a sua evolução”. “É gratificante e faço-o por gosto. Sentir as emoções de um jogo de futebol em primeira mão, não tem preço. O prazer que retiro deste projeto colmata qualquer ‘sacrifício’”, conclui.

 

Aquilo que sente em campo define como “liberdade”. Não há amarguras nem problemas. Há apenas um deslumbramento em ver, nas quase 20 crianças da equipa, uma alegria, uma entrega e uma amizade incomparáveis. “É assim que devia ser, sempre”, confessa. Chama-lhe “o futebol no estado mais puro”, onde o desporto ainda tem “brilho” e “espírito de camaradagem”. “A partir daqui a sua magia perde-se e a competição é mais evidente”, lamenta. Ver e fazer parte do esqueleto de uma equipa é o que o fascina. Vir, um dia, a ser treinador é o que mantém a chama acesa, embora saiba ser complicado. No coração, o Gil Vicente partilha lugar com o Benfica e a sua admiração vai para Rui Costa “pela personalidade e pelo respeito que adquiriu ao longo da carreira”, explica Sérgio.

 

“Não sei o dia de amanhã. O futebol é muito incerto. Mas a verdade é que isto já tem raiz em mim, já não me consigo desligar facilmente”, revela com o brilho nos olhos típico de uma criança que descobre o relvado pela primeira vez.

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