Entrevista #23

19 de junho 2017

 

Ricardo Fernandes

RESPONSÁVEL DE EQUIPAS | ATLETA

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Velocidade máxima

Nacionalidade: Portuguesa

Naturalidade: Brasileira

Idade: 39

Função: Responsável Equipas CNT Europe, em Portugal

No Grupo Casais desde 2016

Em que mercados/empresas do Grupo já trabalhaste? CNT Europe, em Portugal

 

Lema de vida: Persistir, nunca e desistir

“Foi natural”, é assim que Ricardo Fernandes descreve o interesse pelas motos e pelas competições. “Sempre gostei do desporto com motorizadas”, confessa o responsável de equipas da CNT Europe. Começou com apenas 17 anos, em “corridas pirata”, sem regulamentação. “Costumava usar a moto do meu irmão mais velho, às escondidas, e o bichinho foi crescendo”, explica. Quando se tornou independente, a primeira coisa que fez, revela, foi comprar uma.

 

O Raide (ou Bajas, como é conhecido internacionalmente) é um desporto todo o terreno com motorizadas. As provas, organizadas pela Federação de Motociclismo de Portugal (http://fmp-live.pt/), consistem em ir de um ponto A a um ponto B. O percurso é sempre pelo monte e por terrenos irregulares, onde os participantes enfrentam obstáculos naturais. Ao contrário do motocross este desporto atinge velocidades bastante elevadas, sendo que o vencedor das provas é aquele que conseguir fazer o trajeto em menos tempo.

“Quando iniciei, não tinha responsabilidades, nem tinha nada a perder. Agora, além de ter de equilibrar os tempos-livres, tenho mais cuidado com os acidentes. Tenho uma filha pequena que precisa de mim. Tem de ser tudo com mais calma”

A adrenalina e emoção ficam à flor da pele, durante as corridas. Por isso, o foco é essencial para que tudo corra bem, caso contrário, pode tornar-se uma modalidade perigosa: “Já tive acidentes aparatosos, embora nunca tenha partido nada, tudo porque perdi a concentração.”

 

Apesar da velocidade – pode atingir os 170 km/h -, este desporto tem normas de segurança muito rígidas. A rapidez de reação também é um fator fulcral. “Aparece uma pedra, um animal, um rio e é preciso reagir numa fração de segundos”, afirma o responsável. Cair, levantar e ter o sexto sentido apurado. Por vezes, é um verdadeiro jogo de sorte, misturado com o espírito de competição.

 

As corridas são provas de resistência: o atleta pode chegar às 13 horas em cima de uma mota. É um esforço físico e psicológico e um enorme impacto no corpo. Contudo, explica, é também uma forma de “liberdade, de esvaziar a cabeça e limpar a alma”. O cansaço reflete-se no corpo, mas a felicidade sobrepõe-se a qualquer dor física. Ricardo não consegue destacar apenas uma coisa que goste no Raide. “Não me vejo a abandonar, sinceramente. Pode não ser em competições, mas vou continuar”, prevê.

 

Com uma paixão inegável pela sua moto, o técnico da CNT Europe gosta de fazer a manutenção básica. Contudo, devido ao desgaste constante – numa prova pode fazer entre 300km a 450km por dia – é necessária mão-de-obra especializada para tratar do veículo: “É preciso alguma disponibilidade financeira.”

 

Ricardo participa em várias competições a nível nacional. De norte a sul, as provas têm componentes diferentes: obstáculos, terrenos, velocidade... Nem sempre é fácil dispensar tempo para este tipo de atividade, entre família e emprego, a gestão é complicada. “Quando iniciei, não tinha responsabilidades, nem tinha nada a perder. Agora, além de ter de equilibrar os tempos-livres, tenho mais cuidado com os acidentes. Tenho uma filha pequena que precisa de mim. Tem de ser tudo com mais calma”, justifica o responsável de equipa.

 

Hoje diz-se feliz com o emprego e com o desporto, que vai encaixando sempre que pode. Contudo, não esconde a vontade de dedicar mais tempo às competições. “Na altura pensei em ser atleta profissional, mas a verdade é que isso requereria viver apenas para isto. Treinar todos os dias… Mas, se hoje tivesse essa oportunidade, por que não?”, afirma Ricardo. O colaborador não disfarça a dedicação e o compromisso que tem para com o seu hobbie.

 

É uma mistura de adrenalina e emoção. Tal como na construção civil, a concentração na meta e no objetivo deve estar sempre em primeiro lugar. No fundo, Ricardo acredita que os dois mundos não são muito diferentes. “Como em tudo na vida, é preciso gostar do que se faz. Ter paixão. É assim que eu encaro o meu dia-a-dia, quer no trabalho, quer no desporto”, conclui o técnico.

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