Entrevista #5

21 de dezembro 2015

 

Pedro Braga

TÉCNICO DE GESTÃO  |  ATLETA

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Comer, viver

& Amar

 

 

Lema de vida

Sejam Felizes!

Nacionalidade: Portuguesa

Naturalidade: Braga

Idade: 37

Função: Técnico de Gestão

No Grupo Casais desde 2002 (13 anos)

Há quem diga que correr por gosto não cansa. Há também quem diga que, quem corre, sempre alcança. Pedro não corre para fugir; corre para se encontrar.

 

Portador de esclerose múltipla, o atleta, que faz dos números e da gestão a sua vida profissional no Grupo Casais, conta os dias para dar corda às sapatilhas: “Não há uma manhã em que acorde e não pense ‘já falta pouco para a próxima corrida’.”

 

Foi na ‘Corrida da Primavera 2015’, em Esposende, que esta paixão floresceu. Foi um “bichinho”, como lhe chama, que fez com que, desde maio, já tivesse participado em quase duas dezenas de corridas. É também este ‘vício’ que faz com que quatro vezes por semana, se faça à estrada e corra como se nada mais houvesse: “Não há problemas. Não há dificuldades. Sou só eu e o Mundo.”

 

Mas esta vontade de correr tem uma força, uma força “mágica” e pouco secreta, diz Pedro. Branca e vermelha, a camisola que veste quando corre, representa uma equipa, uma causa e uma batalha diária. Impulsionada pela Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), a equipa EM’ Força conta com quase cinco centenas de atletas. “E o melhor de tudo”, conta Pedro, “é que todos podem fazer parte. Basta comprar a camisola e correr! O valor reverte a favor da SPEM.”

 

Portadores da doença e não portadores, todos unidos: “Não nos conhecemos de lado nenhum, mas parece que somos família!”

“Correr ajudou-me de uma forma impressionante. Ajudou-me a tratar-me melhor, a alimentar-me melhor e a aceitar-me melhor”

Ouvir o diagnóstico de uma doença degenerativa funciona como um balde de água fria nas esperanças e sonhos da vida. Primeiro veio o choque, depois a recusa, depois a raiva e, por fim, a aceitação. Estas etapas, sempre tidas em segredo e toldadas pelo sofrimento, fizeram com que, muitas vezes, as forças falhassem. “Correr ajudou-me de uma forma impressionante. Ajudou-me a tratar-me melhor, a alimentar-me melhor e a aceitar-me melhor”, confessa.

 

E Pedro continua a sonhar… e a viver: “Ter uma doença não é fim do Mundo. Podemos trabalhar, fazer desporto, ser felizes!”

De norte a sul, o atleta tenta participar no máximo de corridas possível. Já conseguiu ‘converter’ quase 20 pessoas à equipa da EM’ Força, que tem cada vez mais adeptos.

Mas a motivação vai para além da satisfação pessoal, afirma. Apesar de correr por uma causa que é sua, Pedro fá-lo por uma causa que é de todos: “Penso muito nas pessoas que gostavam de participar e não podem. Corro por elas. E isso dá-me uma força incrível quando penso em desistir.”

 

Sempre apoiado pela esposa, revela que nem sempre foi fácil a família aceitar este hobbie. Preocupações, perguntas, medo e muitas, muitas reticências. Aos poucos, foram vendo a evolução positiva que o desporto tinha na vida de Pedro. “Acabaram por aceitar. Agora até ficam curiosos e querem saber mais”, explica.

 

Superação, esperança, liberdade. Definir este desporto numa palavra é “missão impossível”. “Correr, para mim, é ser feliz. Usar a camisola EM’ Força é um orgulho. Sou feliz naquele momento. Quando corro sozinho, muitas vezes, dou por mim a sorrir, tal é a felicidade”, admite.

 

Sempre de olhos brilhantes, Pedro assegura que correr não é apenas uma maneira de estar em forma ou um meio de descomprimir depois do trabalho. Para Pedro, correr é provar que a vida continua, apesar das dificuldades.

 

Auto caraterizando-se como uma pessoa pessimista, o desporto abriu-lhe novas portas, novas formas de encarar a vida e o Mundo. “Agora, muita pouca coisa me preocupa. Penso sempre que há algo mais importante. Correr já é parte de mim. É uma forma de estar na vida que me faz bem e que é para continuar, até que as pernas me doam!”

Mais informações sobre o projeto que o Pedro Braga apoia:

 

SPEM - Sociedade Portuguesa  de Esclerose Múltipla

www.spem.pt

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