Entrevista #22

22 de maio 2017

 

Filipe Bessa

APONTADOR | PERCUSSIONISTA

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Uma vida ao som do Bombo

Nacionalidade: Portuguesa

Naturalidade: Meinedo, Lousada

Idade: 36

Função: Administrativo de Obra / Apontador

No Grupo Casais há 17 anos

Em que mercados/empresas do Grupo já trabalhaste? Portugal, Construcasais Restauro e Remodelação e, atualmente, na Casais Engenharia desde 2004.

 

Lema de vida: Mais vale fazer asneira e avançar, do que não fazer nada.

É tudo uma questão de ritmo. Depois de “apanhar o jeito”, é ter ouvido e deixar-se guiar pela música. Filipe Bessa descobriu a paixão pelos instrumentos de percussão há sete anos. Entrou para o grupo Os Amigos de Caíde de Rei sem nunca ter tocado bombo. Observou, escutou e imitou. Hoje, confessa não conseguir viver sem o instrumento musical.

 

Atualmente a trabalhar em Lisboa, o apontador da Casais diz que a prática desta atividade requer bastante esforço pessoal. “Chego a casa às sextas por volta das 21h00, como qualquer coisa e vou para os ensaios. É muito cansativo, mas só de saber que tenho o bombo à minha espera, ganho logo outro ânimo”, confessa.

 

Apesar do apoio da família, Filipe precisa de abdicar de tempo de qualidade com a mulher e a filha. Ao mesmo tempo, tem também de faltar aos ensaios de sábado, para compensar. “Estou a semana toda fora. Não posso dizer que não sinto falta do grupo mas, quando chego, preciso de encontrar um equilíbrio, e fazer cedências de ambas as partes”, explica.

“Damo-nos muito bem. Acatámos correções e opiniões alheias. Ninguém imagina a relação que temos. É maravilhosa. ”

Foi um cunhado que o incentivou e plantou nele o “bichinho” da percussão. Mas, todos os elementos d’Os Amigos de Caíde de Rei são uma família. Uma grande família composta por 28 homens, de diferentes idades. Alguns cresceram lá. A única mulher transporta a bandeira. Todos se ajudam e incentivam. Não existe propriamente um chefe, esclarece o técnico: “Damo-nos muito bem. Acatámos correções e opiniões alheias. Ninguém imagina a relação que temos. É maravilhosa. E é sempre uma alegria ir para os espetáculos com pessoas assim.”

 

O bombo tem 1,20m de diâmetro. Carregar o instrumento durante um espetáculo ou demonstração é, fisicamente, duro. Mas, quando se “faz por gosto” tudo compensa. Mesmo doente, Filipe não abdica dos ensaios: “Ando sempre com uma camisola extra no carro. Às vezes estou constipado e vou apenas assistir. Mas nunca resisto e acabo sempre por participar.” Apesar de não haver notas, funcionam todos como uma orquestra, em total sintonia. O ouvido é treinado e os elementos incentivam-se uns aos outros.

 

Para Filipe, as palavras acabam por não ser suficientes para traduzir tudo aquilo que o bombo significa. É um Mundo à parte. Um fenómeno emotivo. Um sentimento. “Esqueço-me de todas as dores da vida”, refere o apontador da Casais. O que sente está muito para além das explicações. “Digo muitas vezes que vou abrandar, mas a verdade é que não consigo”.

 

O apontador de Lousada fala em “gosto” e “paixão”. Para ele, não há nada que o motive mais, ou que lhe dê mais força para continuar. Persistência, treino e muita paciência. Se não sair bem à primeira, sairá à segunda ou à terceira. As dificuldades de aprender músicas novas são contornadas. O tempo, esse multiplica-se. Os braços doridos e os ombros massacrados são desvalorizados. O importante, no final do dia, é ouvir a plateia. Sentir que o público gostou e que valeu a pena. É isso que lhe enche a alma.

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