Entrevista #15

24 de outubro 2016

 

Frédéric, António e Joaquim

GRUPO CASAIS | ESCUTEIROS

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Sempre alerta para servir!

António Martins Ferreira

Nacionalidade: Portuguesa

Naturalidade: Braga

Idade: 53

Função: Técnico de Recursos Humanos

No Grupo Casais desde 1981 (35 anos)

Em que mercados/empresas do Grupo já trabalhaste? Casais - Recursos Humanos

 

Lema de vida: Ver sempre o lado positivo das coisas. “Deixar o mundo um pouco melhor do que o encontramos” Baden Powell

 

 

Joaquim Fernandes Coelho

Nacionalidade: Portuguesa

Naturalidade: Padim da Graça, Braga

Idade: 44

Função: Técnico de Orçamentação

No Grupo Casais desde 1991 (25 anos)

Em que mercados/empresas do Grupo já trabalhaste? Casais Engenharia e Construção e Carpincasais

 

Lema de vida: "Pior do que não terminar uma viagem… é nunca partir” Amyr Klink

 

 

Frédéric Meireles Freitas

Nacionalidade: Portuguesa

Naturalidade: França

Idade: 29

Função: Engenheiro Civil Responsável de estudos e propostas

No Grupo Casais desde 2012 (4 anos)

Em que mercados/empresas do Grupo já trabalhaste? Casais Engenharia e Construção e Casais Marrocos

 

Lema de vida: “A melhor maneira de ser Feliz é contribuir para a Felicidade dos outros” Robert Baden Powell

Joaquim Coelho tem 44 anos, Frédéric Freitas, 29 anos, e António Ferreira conta 53 anos. Em comum, têm mais do que serem colaboradores Casais: são escuteiros de alma, corpo e coração.

 

Entraram nesta aventura por influência de família, amigos e vizinhos. Juntos somam décadas de caminhadas de lenço ao peito. “O meu pai fazia parte da formação do Agrupamento 563 Padim da Graça e a curiosidade motivou a minha entrada”, explica Joaquim. Tinha seis anos: “Na altura não havia mais nada. Éramos perto de 100! Foi uma novidade e quase toda a freguesia aderiu”. Para Frédéric, juntar-se aos escuteiros foi muito mais do que apenas um hobbie: foi uma forma de integração. Com 10 anos regressou a Portugal, vindo de França, e tinha necessidade de fazer amigos. Os escuteiros do Agrupamento 498 de Portela do Vade surgiram como uma solução e, até hoje, cultiva amizades que, possivelmente, ficarão para toda a vida. Foi também em terna idade que António Ferreira contactou com o universo escutista: “Entrei com oito anos. Morava mesmo em frente à sede de agrupamento e, como o meu irmão e os meus amigos já lá andavam, decidi juntar-me. Na altura, era esse o nosso Facebook.”

 

E é unânime: as melhores memórias estão nas tendas dos acampamentos, nas refeições no meio da natureza e nos trilhos percorridos sempre com o espírito da união bem vivo. No entanto, as aprendizagens e os valores aprendidos são guardados num lugar especial, com carinho. “Levamos para a vida aquilo que nos transmitiram. Sou quem sou porque andei nos escuteiros. Cresci muito e ultrapassei alguns momentos difíceis com a ajuda do Escutismo. Em muitas situações, foi a minha muleta”, confessa António. Já Frédéric vai mais longe: “Ser escuteiro, nem que fosse por pouco tempo, devia ser obrigatório… Quase como uma aula! Faz bem às crianças e isso nota-se porque conseguem ser mais autónomas e independentes.” Por sua vez, Joaquim acredita que a liberdade é um dos elementos-chave no desenvolvimento dos mais novos. “As crianças já passam o dia fechadas na escola. Aqui têm a possibilidade de saírem, de estarem ao ar livre”, corrobora o escuteiro e técnico de orçamentação da Carpincasais.

“Ver crianças e adultos, unidos pela dedicação ao Escutismo enche-me o coração e marca qualquer um. Ver que celebrámos 100 anos e que a essência continua lá, é algo incrível. E é isso que somos: amizade e valores humanos”

No Escutismo, passaram por todas as secções e, hoje são chefes ou estão em formação. Hoje a perspetiva é outra. Hoje, transmitem aos outros aquilo que aprenderam. Em troca recebem um carinho inigualável e genuíno, que veste a farda escutista. “Aquilo que mais gosto, sem dúvida, é de sentir que tive impacto na vida dos outros. Sentir o afeto das crianças… Posso dizer que fico bastante orgulhoso!”, explica Joaquim. Também ele recebeu estes ensinamentos que, revela, lhe “foram muito úteis em tempos de tropa”. “Temos que nos desenrascar sozinhos e aprendemos a ser mais rápidos!”, explica o escuteiro do Agrupamento de Padim da Graça. Mas a vida nem sempre corre como planeado e, devido a fatores externos, Joaquim viu-se obrigado a abdicar das suas funções. Mas foi por pouco tempo: “As crianças ligavam-me e batiam-me à porta de casa… Foi muito doloroso. Foi como se faltasse uma parte de mim. Como se me tivessem roubado algo. Não consegui aguentar. A amizade dos miúdos fazia-me falta. E o Escutismo é assim: um bichinho que entra e nunca mais sai. Agora vai ser até ao fim!”

 

António Ferreira nunca pensou em desistir, mas confessa que nem sempre é fácil gerir o tempo. No entanto, acredita que “é mais aquilo que se ganha do que aquilo que se perde”. Feitas as contas, todo o esforço é compensado. “Ver crianças e adultos, unidos pela dedicação ao Escutismo enche-me o coração e marca qualquer um. Ver que celebrámos 100 anos e que a essência continua lá, é algo incrível. E é isso que somos: amizade e valores humanos”, emociona-se o dirigente do Agrupamento nº1 da Sé de Braga. Para o técnico de Recursos Humanos da Casais, os escuteiros são pessoas “diferentes” e facilmente distinguíveis: “na forma de agir para com os outros, por exemplo, um escuteiro deve estar sempre disponível para ouvir!”

 

Mas nem tudo é um mar de rosas na vida de escuteiro e os três colegas já experienciaram momentos complicados, que foram ultrapassados pelo espírito de equipa. Como diz Frédéric: “Somos um!”. Violentos temporais, roupas e mochilas encharcadas, tendas desmontadas, mudanças de planos e até uma invasão de porcos selvagens. As histórias são inúmeras e, acreditem, davam um livro. Momentos que apetece recordar e trazem um sorriso aos lábios, outros menos bons, que ficam de lição.

 

Entre todas as aventuras vividas, Frédéric não esquece o acampamento na Serra Amarela, no Gerês. “Começou uma tempestade e acordámos todos molhados. Tivemos de nos repartir pelas tendas que estavam secas e, de manhã, tiveram que nos ir buscar porque não havia condições para continuar a atividade. É um momento que fica para contar aos mais novos”, comenta. A partilha de experiências é uma das coisas que mais motiva este escuteiro. No entanto, compreende que “os Lobitos [a faixa etária mais jovem do Escutismo, que vai dos seis aos dez anos] sentem a falta dos pais durante as atividades”. Para os ajudar a ultrapassar esse problema, são organizadas muitas atividades que os entusiasmam e, a certa altura, “já nem se lembram das saudades de casa”, explica o jovem engenheiro civil.

 

Quando era apenas um Lobito, António Ferreira recorda com alegria o seu primeiro acampamento: “Foi uma atividade solidária numa Quinta, habitada por pessoas com deficiências mentais. No início foi um choque, mas depois de partilhar o mesmo espaço e desenvolver atividades com elas, compreendi que, apesar de diferentes, éramos iguais, Marcou-me muito.” Hoje, o dirigente tem a oportunidade de participar, numa base regular, em atividades nacionais e internacionais.

 

Quando questionado se fazia do Escutismo a sua vida, Joaquim é breve e assertivo: “Ser escuteiro já é a minha vida. Já faz parte daquilo que sou.” Esta escola de vida, como lhe chama, exige-lhe que esteja a 100% nas atividades. E, embora não consiga acrescentar horas ao seu dia, Joaquim acredita conseguir gerir o seu tempo entre o trabalho, a família e o Escutismo.

 

“Deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrámos” (Baden Powell, fundador do Escutismo) é o mote. Auxiliar o próximo e tornar-se um ser humano consciente é o objetivo. São as aprendizagens contínuas que tornam os dirigentes e Chefes – grupo com os elementos mais velhos – quase psicólogos dos mais novos. A fé e os valores vão sendo transmitidos, de escuteiro para escuteiro, sem se alterarem. Dos 8 aos 80, a integridade e a cooperação são o farol. Aprender fazendo, discutir ideias respeitando e trabalhar em equipa ajudando o outro é a forma Escutista de viver. As lições, aprendidas e partilhadas, são tão vastas, que entram e acomodam-se no coração do escuteiro para nunca, nunca mais saírem.

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