Entrevista #13

29 de agosto 2016

 

Carolina Dias

ENGENHEIRA CIVIL | ATLETA

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Quem rema por gosto não cansa!

 

Lema de vida

A dor é passageira, a glória é eterna.

Nacionalidade: Portuguesa

Naturalidade: Coimbra (Sé Nova)

Idade: 23

Profissão: Engenheira Civil

Função: Estagiária do programa Arte e Engenho - CASAIS

No Grupo Casais desde maio 2016

Como um peixe na água, é assim que Carolina se sente quando faz remo. Quase literalmente. Obstinada e com uma paixão por desportos aquáticos, a atleta não acredita na palavra ‘desistir’: “Em equipa somos um. Naquele momento damos tudo. É preciso esforço para atingir a excelência e o meio termo não é aceitável.”

 

O primeiro ingrediente, explica, é gostar. O segundo, a persistência. O terceiro, esse, é o treino. E pensar que tudo começou com a vontade de experimentar mergulho! “Quando tinha 14 anos, uma colega levou-me para experimentar a modalidade. Mas, quando lá chegámos, a pessoa encarregue pela Secção de Desportos Náuticos da Associação Académica de Coimbra (AAC) achou que eu tinha potencial para fazer remo. E, desde aí, nunca mais deixei!”, atesta.

“Em equipa somos um. Naquele momento damos tudo. É preciso esforço para atingir a excelência e o meio termo não é aceitável.”

No início, cética, e sem acreditar nas suas qualidades como atleta, o tempo trouxe consigo a evolução... até entrar para a Seleção Nacional, na época de 2008/2009. “No início nunca tinha pensado, sequer, vir a ser federada. Mas, com treino, a coisa lá foi melhorando”, confessa. Por ‘treino’ importa explicar que, como qualquer atleta de alta competição, são várias horas por dia. Horas essas que são, muitas vezes, roubadas à vida pessoal e social, por exemplo. Mas, para Carolina, é tudo uma questão de saber onde quer chegar. “Quando treinas 14 vezes por dia, não tens vida. Os teus amigos saem à noite e tu sabes que não podes. Mas tens de manter os olhos no objetivo”, afirma, com toda a certeza que há nela.

 

Além do esforço psicológico, a dor física é um pré-requisito. Todavia, o resto é secundário quando se ouve o som da largada, que inicia a prova. A meta é já ali à frente e esta é a prova de fogo. Os nervos controlam-se e a felicidade explode, no final de cada competição. “Por vezes, quando a exigência física era demais, tinha vontade de chorar. Mas depois pensava que não podia despender tanta energia nisso e concentrava-me em ganhar”, corrobora a jovem atleta.

 

Já perdeu a conta às medalhas que tem, religiosamente, guardadas; umas quantas de campeã nacional. “Para além da utopia”, é o que se lê naquela que guarda com mais carinho, ganha depois de uma competição de Ergómetro. No entanto, e apesar das centenas de provas onde já participou, Carolina recorda, com alguma nostalgia e humor, a sua primeira competição: “Foi mais um passeio do que outra coisa qualquer! Tive a sensação de que sabia a teoria, mas faltava-me a prática. Mas não virei o barco!”

 

Com melancolia, Carolina acredita que, em Portugal, ser atleta de alta competição em alguns desportos, é uma missão quase impossível. Assim como conseguir conciliar os estudos e treino. Por isso, e pela falta de apoios, muitos acabam por desistir.

 

Hoje, e com uma vida profissional a tempo inteiro, Carolina treina apenas aos fins de semana, uma vez que Braga não possui uma equipa de remo. No entanto, e mais uma vez, desistir não está nos seus planos. “Sinto falta daquela intensidade dos treinos, das pessoas, do ambiente e, principalmente, da competição! Mas vou continuar a treinar como conseguir, e não vou virar as costas ao remo”, justifica.

 

“Gostava de fazer disto a minha vida. Mas a verdade é que só o conseguiria fazer até uma certa idade. A tendência é ir decrescendo de qualidade, ao contrário da engenharia, que vou evoluindo com o tempo e experiência”, afirma. No entanto e, por muitas pausas que faça, a paixão não se extingue sem dar luta. Treina, embora com menos intensidade, e já arrastou consigo muitas pessoas para este desporto. Vai continuar, com o remo a bater no coração e os músculos a latejar, até que os membros lhe doam.

 

A Carolina compete pela Académica e a sua última prova para o campeonato nacional decorreu no início de julho de 2016. Competiu num quadri (4x) e ficou em 4º lugar com Isabel Esteves, Carolina Bacalhau e Ana Batista. Para a Taça de Portugal, competiu no dia 16 de julho, na Praia de Mira, também em 4x e ficou em 3º lugar (Carolina Dias/Isabel Esteves/Ana Magalhães/Ana Batista).

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